Núcleo de Estudos de Doenças Auto-imunes

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Artrite Reumatóide

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Artrite Reumatóide

O QUE É A ARTRITE REUMATÓIDE?

A Artrite Reumatóide é uma doença crónica de natureza auto-imune, ou seja, é uma doença em que o nosso sistema imunitário, por um motivo ainda desconhecido, se começa a “enganar” e passa a “atacar“ as células e tecidos do próprio organismo.

A Artrite Reumatóide caracteriza-se por dor, tumefacção, rigidez e perda de função (mobilidade) das articulações. Tem características próprias que a torna diferente de outros tipos de artrite. Por exemplo, a Artrite Reumatóide geralmente ocorre com um padrão simétrico, isto quer dizer que se uma mão ou um joelho estão envolvidos a articulação do outro lado também se encontra atingida. Com frequência a doença atinge os punhos e as articulações das mãos, podendo contudo envolver todas as outras articulações, inclusive as da coluna vertebral.

Na realidade trata-se de uma doença sistémica, e não apenas articular, motivo por que muitos autores preferem a designação de doença reumatóide. Com efeito, é frequente dar fadiga, mal estar geral e, menos frequentemente, febre. Podem existir manifestações da doença, para além das articulações, desde nódulos subcutâneos ao envolvimento de outros órgãos em particular o pulmão, os olhos ou os vasos sanguíneos.

A Artrite Reumatóide, tal como as outras doenças auto-imunes, não é igual em todas as pessoas, tendo diferentes padrões, tanto de atingimento como de evolução (fig. 1). Em alguns doentes dura apenas alguns meses ou um a dois anos, desaparecendo sem qualquer nova manifestação (a), outros têm o que é designado por doença moderada com períodos de agudização e períodos de acalmia (b). Por fim, existe uma forma mais grave da doença com actividade praticamente continua (c), que perdura ao longo de muitos anos e que provoca importantes disfunções e danos articulares.

Apesar da Artrite Reumatóide ter um significativo impacte negativo na qualidade de vida da pessoa afectada, as actuais estratégias de tratamento – que incluem o alívio da dor e o tratamento dirigido à doença (fármacos modificadores da doença), associado a um adequado equilibrio entre actividade física e, repouso – tem permitido nas últimas décadas, particularmente nos últimos anos, melhorar de forma importante a qualidade de vida dos doentes com Artrite Reumatóide, através de um controle mais eficaz da doença.

Principais características da Artrite Reumatóide

  • Articulações dolorosas, inchadas e quentes.
  • Atingimento simétrico das articulações.
  • A inflamação das articulações envolve com frequência os punhos e as pequenas articulações das mãos, mas pode atingir outras articulações como os joelhos, tornozelos ou a coluna cervical.
  • Fadiga.
  • Dor e dificuldade na mobilização das articulações de manhã ou após um período prolongado de repouso, durando mais de 30 minutos.
  • Sintomas que podem durar anos.
  • Sintomas noutras partes do corpo fora das articulações.
  • Variabilidade dos sintomas de pessoa para pessoa.

 

COMO SE DESENVOLVE A ARTRITE REUMATÓIDE?

NAS ARTICULAÇÕES

Uma articulação normal encontra-se rodeada de uma cápsula que a protege e suporta, sendo as extremidades dos ossos recobertas pela cartilagem. A cápsula articular é forrada por um tecido chamado sinovial, que produz um líquido que lubrifica e “alimenta” a cartilagem e o osso dentro da cápsula.

O sistema imunitário, por razões ainda não completamente conhecidas, ataca as células do próprio indivíduo dentro da cápsula da articulação, provocando uma reacção inflamatória, a que se chama sinovite, que é a causadora dos sintomas como a dor, a tumefação e o calor na articulação.

Com a continuação da inflamação as células da sinovial crescem de forma anormal, resultando no espessamento da mesma, o que se traduz na tumefacção de consistência elástica que se observa em articulações cronicamente atingidas pela doença. Com a progressão da doença a sinovial vai proliferando destruindo destruir a cartilagem e o osso adjacente à articulação, provocando a sua deformação (fig. 3).

Os investigadores acreditam que a destruição da articulação se inicia muito cedo, logo no primeiro ano da doença, razão pela qual o diagnóstico e tratamento precoces são tão importantes.

FORA DAS ARTICULAÇÕES

Alguns doentes desenvolvem doença reumatóide noutros locais, para além das articulações. Cerca de um quarto dos doentes tem nódulos reumatóides: são tumefacções duras localizadas debaixo da pele, em geral próximo das articulações. Outro efeito frequente nas pessoas com Artrite Reumatóide é a anemia. Menos frequentemente pode haver atingimento dos olhos (epiesclerite), do pulmão ou dos vasos sanguíneos (vasculite), podendo esta última manifestação tomar a forma de úlceras na pele.

 

QUE PESSOAS SÃO AFECTADAS?

Estima-se que nos países ocidentais cerca de 1% da população possa ter Artrite Reumatóide, mas é provável que no nosso país essa percentagem seja inferior, entre os 0,35 e os 0,4% da população, o que representaria 35 mil a 40 mil doentes com Artrite Reumatóide.

A Artrite Reumatóide atinge todas as etnias de igual modo, tendo uma maior incidência entre os trinta e os quarenta anos e é três vezes mais frequente na mulher que no homem.

 

QUAL O IMPACTE DA ARTRITE REUMATÓIDE?

O impacte desta doença é enorme, não só em termos individuais como na economia do país, isto porque a dor e a dificuldade de mobilização das articulações condiciona as mais elementares actividades do dia à dia do doente, bem como a sua assiduidade laboral – a condição física dos doentes pode não lhes permitir trabalhar em certos dias. Estes factores são causa de perda de emprego e dificuldade em arranjar um novo trabalho. Em certas profissões, em particular nas que requerem aptidões motoras finas, pode haver necessidade de transferir o doente para postos de trabalho com outras funções.

Este enorme impacte individual vai ser repercutido no colectivo, daí o intenso investimento em novos fármacos e em medidas de suporte no sentido de uma melhor integração na vida activa destes doentes.

 

QUAL A CAUSA DA ARTRITE REUMATÓIDE?

Não se conhecem ao certo as suas causas, mas existem diversos factores descobertos nos últimos anos que se pensa que poderão estar na génese destas doenças.

FACTORES GENÉTICOS

A investigação permitiu identificar alguns genes que poderão ter um papel no desenvolvimento da Artrite Reumatóide, no entanto, existem pessoas com esses genes que nunca desenvolvem doença, e outras, com a doença, sem nenhum desses genes. Isto sugere que o bilhete de identidade genético poderá ter importância no aparecimento da doença mas, só por si, não explica tudo.

É hoje claro que há mais de um gene envolvido no desenvolvimento da doença (genes de susceptibilidade) e que a sua gravidade depende também de um factor genético.

FACTORES AMBIENTAIS

Muitos investigadores acreditam na necessidade de haver um detonador para que a doença se desenvolva nos indivíduos em que os tais genes de susceptibilidade da doença se encontram presentes.

Poderá ser um agente infeccioso que tem esse papel de detonador, podendo tratar-se de bactéria ou vírus, mas tal é ainda desconhecido.

Note-se que a Artrite Reumatóide não é uma doença contagiosa, ou seja, não se transmite de uma pessoa para outra.

FACTORES HORMONAIS

Alguns cientistas pensam que uma variedade de hormonas possam estar envolvidas no desencadear da doença. A conjugação da variação nos níveis destas hormonas ou a sua deficiência em indivíduos com os tais genes de susceptibilidade, e que foram sujeitos a determinadas infecções, pode ser uma eventual explicação para o desencadear da doença.

 

SE DIAGNOSTICA A ARTRITE REUMATÓIDE?

Diagnosticar, tal como tratar uma Artrite Reumatóide, é um esforço de equipa que envolve o doente e diversos profissionais de saúde.

Vários estudos demonstram que os doentes que se encontram mais bem informados e que participam activamente no seu próprio tratamento têm menos dores e menor necessidade de visitas ao médico. Para que tal possa suceder são muito importantes os programas de auto apoio bem como as associações de doentes.

Este tipo de programas são úteis por múltiplos factores:

  • Ajudam as pessoas a compreender a sua doença.
  • Ajudam na redução da dor e a manterem-se activas.
  • São importantes para a manutenção de um adequado equilíbrio emocional e físico
  • Ajudam na auto confiança e melhor funcionalidade, permitindo a manutenção de uma vida independente.

A CLÍNICA

Nas fases iniciais da doença a Artrite Reumatóide pode ser de difícil diagnóstico. Em primeiro lugar não existe nenhum teste que só por si faça o diagnóstico; por outro lado, os sintomas variam muito de pessoa para pessoa e assumem diferente gravidade. A adicionar a estes factores, os sintomas que surgem na Artrite Reumatóide podem ser semelhantes aos que ocorrem noutras doenças do foro osteoarticular, o que implica tempo para excluir essas outras doenças dos diagnósticos possíveis. Por fim, os sintomas vão-se adicionando ao longo do tempo, pelo que, nas fases iniciais da doença a sintomatologia pode ser escassa, dificultando ou até tornando impossível o diagnóstico definitivo.

OS TESTES DE LABORATÓRIO

O teste mais frequentemente requisitado é o factor reumatóide (FR), mas nem todos os doentes com Artrite Reumatóide apresentam o FR positivo. Na fase inicial da doença muitas vezes o FR é negativo. Além disso, o FR pode ser positivo em pessoas saudáveis, particularmente em pessoas mais idosas, ou em pessoas com outras doenças.

Outros testes habitualmente requisitados pelo médico são os que permitem avaliar o grau de inflamação no organismo, como a Velocidade de Sedimentação (VS) e a Proteína C Reactiva (PCR). Mais recentemente foram identificados uns anticorpos, os anticorpos anticitrulina (anti-CCP), que são mais especificos da doença do que o factor reumatóide.

AS RADIOGRAFIAS

As radiografias podem ajudar no diagnóstico, mas servem principalmente para vigiar a evolução da doença. Na fase inicial são muitas vezes normais.

 

O QUE SE PRETENDE COM O TRATAMENTO DA AR?

Sabemos que a inflamação nas articulações vai levar a lesões na cartilagem e no osso, que mais tarde geram incapacidades funcionais e destruição das articulações envolvidas. Assim, o que se pretende com o tratamento é aliviar a dor e tornar a doença o menos agressiva possível, de forma a preservar ao máximo a função de todas as articulações e dar ao doente a melhor qualidade de vida possível. Em alguns casos pode mesmo conseguir-se que a doença entre em remissão, ou fique praticamente assintomática.

Para que tal seja possível é importante fazer o diagnóstico o mais precocemente possível, informar o doente, definir uma estratégia terapêutica, sendo muito importante a sua colaboração e adesão ao tratamento.

O tratamento do doente com Artrite Reumatóide implica, de facto, o envolvimento do doente e do médico e de outros profissionais da saúde.

O doente deve estar informado sobre a sua doença, a evolução, o que deve e não deve fazer, de forma a contribuir para o seu melhor tratamento.

Existem, no entanto, factores que são importantes para o prognóstico e que não conseguimos controlar, como os factores genéticos, herdados dos nossos antepassados, e que podem condicionar uma doença mais ou menos agressiva e diferentes respostas à medicação.

 

QUAIS AS PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS PARA O TRATAMENTO?

O tratamento da Artrite Reumatóide pode ser muito confuso para o doente, por isso é muito importante que este possa compreender o que lhe é oferecido pelo médico, para participar activamente na decisão terapêutica.

Depois de diagnosticada uma Artrite Reumatóide é importante avaliar todos os factores que possam indicar a maior ou menor agressividade da doença em cada doente. Este é um passo muito importante para se definir quais os medicamentos mais indicados.

A terapêutica deve ajustar-se o mais possível a cada doente: os que têm doença mais agressiva devem ter uma terapêutica igualmente mais agressiva, o que acarreta por vezes mais efeitos colaterais dos medicamentos. Os que têm doença de evolução mais lenta, relativamente benigna, fazem uma terapêutica menos potente e, usualmente, mais segura em termos de toxicidade.

Objectivos do Tratamento
  • Alívio da dor
  • Redução da inflamação
  • Reduzir ou parar a destruição da cartilagem
  • Aumento do bem estar e controle da disfunção articular
Tipos de Intervenções Terapêuticas
  • No tipo de vida
  • Medicação
  • Cirurgia
  • Fisioterapia

ALTERAÇÕES DO TIPO DE VIDA

A Artrite Reumatóide é uma doença crónica, devendo cada pessoa avaliar o impacte que poderá ter na sua vida e proceder às alterações possíveis, nomeadamente na vida profissional. Para algumas actividades comuns do dia-a-dia, como pegar em pesos, levantar objectos e outros, é particularmente útil seguir alguns conselhos, que poderá consultar adiante, para evitar forçar as articulações. Igualmente poderá ser importante a reorganização do espaço na casa de cada um, evitando, por exemplo, o uso de escadas ou mudando a localização dos móveis.

MEDICAÇÃO PARA ALIVIAR OS SINTOMAS

Para aliviar a dor, mas sem actuação na inflamação, são usados medicamentos chamados Analgésicos. Estes fármacos podem actuar a nível central (no cérebro) ou a nível periférico. Como exemplo dos primeiros temos o Tramadol, e dos segundos o conhecido Paracetamol (utilizamos apenas o nome químico e não as marcas comerciais).

Estes medicamentos são geralmente bem tolerados mas podem ter alguma toxicidade, principalmente se tomados em grandes quantidades.

Estes fármacos apenas tratam a dor, não intervêm na inflamação, o que significa que não impedem o dano articular e, portanto, que não são suficientes como tratamento. A dor, apesar de tudo, leva o doente a poupar a articulação atingida.

Os anti-inflamatórios são um vasto grupo de medicamentos que derivam da Aspirina e actuam no alívio da dor, mas também combatem a inflamação. Estes fármacos têm toxicidade gástrica, ou seja, podem ser responsáveis por úlceras gástricas e hemorragias digestivas. Estão, por isso, contra-indicados em pessoas com doença gastroduodenal activa. Devem ser sempre tomados depois das refeições. Muitos doentes tomam um protector gástrico como o Omeprazol ou Ranitidina para diminuir este risco.

Os anti-inflamatórios são em grande número – Indometacina, Diclofenac, Naproxeno, Ibuprofeno, Nimesulide, etc. – e diferenciam-se pela sua potência, duração de efeito e toxicidade. Um doente pode sentir-se melhor com determinado anti-inflamatório e ser muito intolerante a outro, valendo a pena testar mais do que um.

Ultimamente dispomos de novos anti-inflamatórios, conhecidos como inibidores da Cox-2, a que é atribuída menor toxicidade gástrica, embora apresentem maiores riscos cardiovasculares na sua toma continuada, a longo prazo.

Existe ainda um outro grupo de fármacos que actuam na dor, na inflamação e, possivelmente, poderão actuar também na doença, que são os corticóides (também conhecidos como cortisona). Os corticóides são muito usados na Artrite Reumatóide e são bastante úteis, mas têm importante toxicidade associada, podendo, mesmo em baixas doses (menos de 10mg por dia), predispor os doentes a fracturas, por descalcificação dos ossos, a infecções e a úlceras gastrointestinais.

É muito importante lembrar que não se pode parar abruptamente esta medicação e que, sempre que surja qualquer outra doença aguda, deverá ser comunicada ao médico a tomada crónica de corticóides.

Os corticóides são hormonas naturalmente sintetizadas pelo organismo e, assim como as da tiróide, essenciais para a vida. Acontece que, quando tomamos corticóides, em doses muito mais altas do que as produzidas diariamente pelo nosso organismo, este deixa de as produzir. Se interrompemos a sua utilização abruptamente, o organismo não tem tempo para voltar a sintetizá-las e podem ocorrer graves problemas.

Os corticóides também podem ser injectados directamente nas articulações para aliviar os sintomas inflamatórios locais, infelizmente, por pouco tempo, na maioria das situações. Estas injecções não devem ser repetidas frequentemente e tem de se ter o cuidado asséptico necessário para que não surja nenhuma complicação infecciosa local.

MEDICAÇÃO PARA TENTAR CONTROLAR A DOENÇA

Como se disse atrás não sabemos, ainda, como curar esta doença, aliás como muitas outras. Assim, o objectivo é tentar diminuir ao mínimo possível a agressividade da doença, de forma a que provoque o menor dano articular. Para este efeito usamos medicamentos diversos, inclusive alguns que quando apareceram se destinavam a outras doenças. Por exemplo a Cloroquina foi, e é ainda, utilizada na malária e o Metotrexato nas doenças cancerosas.

Estes fármacos conhecidos como “terapêutica de fundo” ou “terapêutica modificadora da doença”, são:

  • Cloroquina e Hidroxicloroquina
  • Salazapirina
  • Metotrexato
  • Leflunomida
  • Sais de Ouro
  • D-penicilamina
  • Ciclosporina, Ciclofosfamida, Azatioprina, Clorambucil
  • Terapêutica Biológica, Infliximab, Etanercept, Adalimubab, Rituxinas e outros

Numa visão global e sucinta podemos dizer que praticamente já não se usam medicamentos como a Ciclofosfamida, Azatioprina, Clorambucil e D-penicilamina e que os Sais de Ouro tiveram o seu apogeu nas décadas de 60 a 80, mas o seu uso declinou a partir de então. O Metotrexato é actualmente o medicamento mais usado. A Hidroxicloroquina e a Salazopirina são ainda muito usados isoladamente em doentes com Artrite Reumatóide pouco agressiva, ou em combinação com outros medicamentos, especialmente o Metotrexato. A Ciclosporina é outro medicamento muito utilizado nos transplantes, mas que também se emprega na Artrite Reumatóide. O Infliximab, Etanercept e o Adalimubab são os fármacos mais recentes, produto da engenharia genética, e constituem uma alternativa muito eficaz.

Que medicamentos utilizar? Com qual começar? Usar um ou mais? Estas são questões que ainda não têm uma resposta única e inequívoca, ainda que também aqui tenha havido alguma evolução. Há uns anos a estratégia era a de ir usando os fármacos ditos menos agressivos e substituí-los por outros à medida que se constatava a sua ineficácia. Esta abordagem – conhecida pelo nome de “estratégia de pirâmide”-, levava a que a doença estivesse sempre “à frente” da terapêutica e o resultado era invariavelmente a “vitória” da doença e o consequente dano articular. Esta estratégia foi abandonada e o conceito que tem vingado estes últimos anos é o de que a Artrite Reumatóide deve ser tratada precocemente de uma forma agressiva.

Actualmente, como atrás se referiu, o Metotrexato, um imunossupressor, é o fármaco mais utilizado, em doses de 5 a 20 mg por semana, habitualmente por via oral, embora também possa ser administrado por via intramuscular, tomado num a dois dias por semana.

Outros esquemas mais usados são a monoterapia com a Hidroxicloroquina ou a Salazopirina. Outros doentes poderão começar com uma combinação destes fármacos (por exemplo Metotrexato mais Hidroxicloroquina ou Salazapirina).

Abaixo referem-se alguns dos efeitos laterais mais frequentes, associados a estes medicamentos. Alguns princípios deverão ter-se em conta para os minimizar o mais possível:

  • Todos os medicamentos podem ser responsáveis por efeitos laterais.
  • Só um pequeno número de doentes vai sofrer esses efeitos, infeliz mente não podemos prever quais.
  • É importante que cada doente saiba qual a toxicidade que pode associar-se aos medicamentos que está a tomar, de forma a pode rem ser tomadas precocemente as medidas adequadas.
  • A efectivação regular de analises é fundamental e deve ser criteriosamente cumprida.
  • Os doentes devem evitar tomar outros medicamentos sem discutir previamente a situação com o seu médico de família ou hospitalar.
  • Os doentes não devem suspender abruptamente a toma de medicamentos, sem comunicar ao seu médico, excepto se houver uma reacção alérgica associada.

O último grupo terapêutico a ser introduzido, com capacidade para controlar a doença, é constituído pelos anti-TNF (Etanercept, Infliximab, Adalimumab), que bloqueiam um mediador inflamatório muito importante na Artrite Reumatóide. É a chamada terapêutica biológica. Os seus benefícios estão bem demonstrados, mas são fármacos ainda recentes.

Os critérios para a sua utilização têm vindo a ser definidos por diversas associações, apontando todos para que só sejam usados após a falência, em doses adequadas, dos medicamentos clássicos deste grupo, ou nas formas precoces de Artrite Reumatóide.

Quadro Resumo dos efeitos laterais mais significativos e monitorização

FISIOTERAPIA

É muito importante o aconselhamento por um médico Fisiatra sobre os exercícios mais correctos e quais as melhores medidas para protecção das articulações, nomeadamente pela utilização de instrumentos facilitadores das actividades do dia-a-dia.

No geral, deve-se lembrar que caminhar e nadar são exercícios saudáveis e que se devem evitar os que sobrecarregam as articulações, como levantar pesos. É de preferir exercício diário ligeiro a actividades ocasionais intensas.

Não se deve investir somente nos programas de fisioterapia, mas também nos exercícios diários em casa, que se devem aprender e discutir com os médicos fisiatras e técnicos de fisioterapia.

Os doentes devem ter presente que os especialistas não podem fazer os exercícios por si (tem de ser trabalho seu!) e que as bases para o sucesso são paciência, exercício regular e bom senso.

CIRURGIA

A cirurgia pode ter um papel importante na qualidade de vida do doente com Artrite reumatoide: na substituição de articulações danificadas (por exemplo, anca e joelho), na fixação de articulações – artrodeses – (por exemplo, do punho), que desta forma podem ser mais eficazes e menos dolorosas, na sinovectomia – retirada da membrana que envolve a articulação -, e na prevenção ou reparação de dano dos tendões.

É importante lembrar que nem todas as intervenções efectuadas nas articulações levam a melhoria da função, o seu objectivo pode ser principalmente o alívio da dor.

QUE ESPERANÇA PARA O FUTURO?

Nas últimas décadas têm sido realizados francos progressos no entendimento da origem da Artrite Reumatóide – como e por que se desenvolve, por que é que algumas pessoas desenvolvem a doença e outras não e por que a gravidade é diferente de pessoa para pessoa.

Os resultados da investigação têm permitido delinear novas estratégias de tratamento e desenvolver novos tratamentos, com um significativo impacto na qualidade de vida dos doentes. Nos dias de hoje os doentes com Artrite Reumatóide têm mais possibilidade de manter a sua actividade profissional e desenvolver as suas tarefas diárias, melhor e por mais tempo do que era possível há vinte anos.

Mas a investigação não parou, havendo esperança para o dia de amanhã, tanto no referente a tratamentos mais eficazes, bem como na eventual prevenção da doença.

O fundamental é que, com a ajuda do médico e outros profissionais de saúde, o doente nunca desista de lutar contra esta doença, porque é possível limitar os danos que ela pode provocar e manter uma elevada qualidade de vida.

 

EXISTE UMA ASSOCIAÇÃO DE DOENTES COM ARTRITE REUMATÓIDE?

A ligação a associações de doentes, por exemplo a Associação Nacional de Doentes com Artritre Reumatóide (ANDAR), é importante, para receber informações e participar em encontros em que possa partilhar com outros doentes e familiares a sua experiência e aprender estratégias de resolução de problemas. Ver o exemplo de outros que têm uma vida feliz, adaptados às suas incapacidades, é o melhor estimulo para ultrapassar as barreiras com que se confronta.

ANDAR
Parque da Saúde de Lisboa – Pavilhão 24
Av. do Brazil, nº 53 – 1749 LISBOA
Tlfs. 217 937 361 / 217 986 376/7
Fax. 217 986 378
Linha Verde: 800 20 32 85
E-mail: andar@andar-reuma.pt

 

A QUEM DEVE RECORRER?

A Artrite Reumatóide exige a colaboração de uma equipe multidisciplinar. Deve haver uma estreita ligação entre o Médico de Medicina Geral e Familiar e os especialistas neste tipo de doença, sendo frequente haver necessidade da intervenção de outras especialidades, assim como a de outros técnicos como sejam enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais e outros.

Os especialistas com mais experiência neste tipo de doenças são os de Medicina Interna e Reumatologia.

Em grande parte dos hospitais existem consultas diferenciadas, chamadas Consultas de Doenças Auto-imunes ou de Imunologia Clínica, dirigidas por internistas, com grande experiência neste tipo de doença.

A lista destas consultas nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde é apresentada no verso, ou consulte em www.nedai.org.

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2016-10-16T12:02:11+01:00 2016-7-6|Categories: Informação ao Doente|Tags: |