Prémio NEDAI de Investigação em Auto-Imunidade 2011
O trabalho premiado foi desenvolvido por uma equipa de investigadores do Instituto de Medicina Molecular (IMM) e publicado na revista PLosOne (www.plosone.org). No estudo*, da autoria de Joana Duarte e colegas, descrevem um tratamento eficaz na prevenção da artrite reumatóide crónica em ratinhos. Os autores do estudo mostraram que o tratamento de ratinhos com o anticorpo específico que usaram (um anticorpo anti-CD4, ver glossário) não só previne o aparecimento de artrite reumatóide em ratinhos saudáveis, como impede a progressão da doença em ratinhos já doentes. Os resultados são relevantes porque o efeito protector tem longa duração e porque o modelo animal usado tem muitas semelhanças com a artrite reumatóide humana.
A artrite reumatóide é uma doença autoimune crónica caracterizada pela inflamação/destruição das articulações que provoca incapacidade progressiva do doente e está associada a co-morbilidade e a mortalidade prematura.
Uma combinação de causas genéticas e ambientais contribuem para o aparecimento da artrite reumatóide, que, a nível biológico, se caracteriza por uma resposta imunitária complexa envolvendo uma série células diferentes incluindo vários tipos de linfócitos (glóbulos brancos).
No estudo premiado, os investigadores basearam-se num modelo de ratinho usado para estudar a artrite reumatóide, que trataram com o anticorpo cuja actividade terapêutica queriam testar, num processo genericamente denominado por imunoterapia. A pesquisa de inflamações nas articulações e a quantificação de moléculas características de processos inflamatórios – ambas indicadoras de artrite reumatóide – em ratinhos tratados e de controlo, permitiram-lhes perceber de que forma a imunoterapia testada influencia o aparecimento ou desenvolvimento da doença. Os resultados do estudo mostraram que a administração do anticorpo anti-CD4 alterava o equilíbrio entre dois tipos de células do sistema imunitário, favorecendo a imunotolerância, i.e., dificultando o desenvolvimento de doenças autoimunes, como a artrite reumatóide. Os estudo mostrou ainda que este efeito não compromete, por seu lado, a capacidade do sistema imunitário do ratinho reagir, simultaneamente, contra factores agentes inflamatórios/infecciosos externos (imunocompetência).
“Esta não é a primeira vez que se usam anticorpos deste tipo como terapia para doenças autoimunes, mas os resultados têm sido modestos. Daí a relevância de termos conseguido mostrar que esta terapia pode ser eficaz na prevenção de artrite reumatóide em ratinhos”, afirma Luis Graça, investigador do IMM que liderou o estudo.
* Título do artigo: “Modulation of IL-17 and Foxp3 Expression in the Prevention of Autoimmune Arthritis in Mice”. Autores: Joana Duarte, Ana Água-Doce, Vanessa G. Oliveira, João Eurico Fonseca, Luis Graca.
((C) Histological sections stained with eosin-hematoxilin from the ankle and metatarso-phalangical joints from SKG mice in the absence and in the presence of anti-CD4 treatment, 90 days following curdlan immunization.)
(Gab.Comunicação IMM-FML)